O Tavinho Pereira contava que numa certa época, o Mário e a Teresa, sua esposa, apareciam muito na casa dos Pereiras ao
anoitecer. Ficavam proseando por horas, e depois o Mário sempre mandava a
Teresa ir embora na frente e ele ficava até mais tarde para ir embora mais à
noite. Ele sempre fazia isso.
Depois de um tempo eles tiveram uma filhinha. Uma tarde a Teresa deu
banho na menina, tomou banho também, se arrumou e disse ao Mário, que estava
sentado na encruzilhada, que queria ir com ele na casa dos Pereiras naquela
noite.
- Hoje não! Outro dia você vai, mas hoje não!
Ela teimou e acabou indo junto com ele naquele dia, era uma sexta-feira.
Ficaram lá até umas nove horas e o Mário logo mandou a mulher ir embora
com a criança, mas ela novamente teimou e ficou com o marido.
Então se despediram e foram embora. Chegando no bairro do Vinte
Alqueires, onde tinha um capão de mato para baixo da estrada, o Mário disse à
mulher:
- Vá embora que eu vou fazer umas necessidades aqui embaixo e depois eu
vou!
Ela ficou na estrada e depois de um tempo chamou por ele e não teve
resposta.
Ele não apareceu. Ela ficou com medo, e foi embora sozinha.
Ainda escutou a cachorrada latindo ao longe na estrada.
Chegando em casa, ela fechou o portão e a porta com a tramela e foi se
deitar.
Passada algumas horas, o Mário apareceu.
- Quase morri de medo Mário! – explicou ela sobre o sumiço do marido.
- É, eu falei para você não vir comigo essa noite! Mas você é teimosa e
veio!
Essa história foi a própria Teresa que contou pros vizinhos no dia
seguinte.
Apesar de tudo, o Tavinho Pereira não acreditava que o Mário Cavaieiro
era um Lobisomem, pois eles tinham ido pescar bagres no ribeirão diversas
vezes, ficavam até de noite, e nunca aconteceu nada com o Mário.
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